O Jardim das Delícias, Hieronymus Bosch
O Jardim das Delícias do Museu do Prado é, por fim, a última obra analisada no período intermédio de Bosch. Segundo o inventário, a obra tinha intenção de ser enviada a Filipe II para o Escorial, em 1593 e este fala da variedade do mundo. Para Frei José de Siguença, o Jardim das Delícias continua a lição moralizadora do Carro de Feno.
No volante esquerdo, estamos perante o Paraíso. Em primeiro plano, O Criador apresenta Eva a Adão, mas, a preencher este Paraíso Terreno há toda uma panóplia de animais exóticos. Um elemento que se distingue é a «Fonte da Vida, de estrutura esguia, rosácea, semelhante a um tabernáculo gótico finalmente talhado».
No volante direito, segue-se o Inferno. Em grande destaque surge um monstro de rosto humano, com corpo que aparenta um ovo e pernas em forma de troncos de árvore em barcos oscilantes. Na cabeça, uma plataforma ergue uma Cornamusa. A contrastar com o fundo escuro, edifícios ardem e explodem. Enquanto isso, em primeiro plano temos pequenas cenas, que são seguidas por um monstro com cabeça de pássaro devorador de almas condenadas, talvez o próprio demónio : «O Inferno musical», composto pelo o homem que está no alaúde, pelo outro crucificado numa harpa e ainda um outro encerrado num tambor; e «O Inferno dos Jogadores», onde vemos um jogador com a mão atravessada por um punhal, uma mulher nua com um dado na cabeça e um jarro de vinho, um coelho que leva a sua presa e um monstro que apresenta vários objectos à freira e ao seu acompanhante.