O Carro de Feno, Hieronymus Bosch
No volante esquerdo, Bosch representou a queda de anjos de um céu dourado, onde está Cristo entronizado. Quando caiem, estes transformam-se em insectos. Em baixo, vemos a Criação de Eva, o Pecado Original e a Expulsão do Paraíso, ou seja, o princípio da decadência humana.
No primeiro plano do painel central, deparamo-nos com cenas do quotidiano: um homem e uma criança a observar a cena que rodeia o carro de feno, uma jovem que dá a mão a ler à cigana, uma mulher lava o filho numa bacia, um curandeiro trata uma cliente (atente o porta-moedas do seu cinto cheio de feno), uma freira que tenta contactar com um homem que passa, as freiras que enchem um grande saco de feno e um monge gordo e bêbado. No centro da composição, um carro de feno é conduzido por um Imperador e um Papa, provavelmente, Alexandre VI. O facto de príncipes e prelados não participarem na luta, leva-nos a crer que já possuem o feno – a Soberba. A multidão de classe inferior tenta retirar bocados de feno e luta para atingir esse objectivo – a Avareza. Esta cena é observada por um Cristo conformado. Em cima do carro de feno está um par amoroso tocando música, símbolo da Luxúria, um anjo a rezar à esquerda, um demónio a desviar a atenção do anjo à direita e um casal a beijar-se nas matas. À frente do carro de feno, demónios conduzem este para o Inferno.
No volante direito, está representado o Inferno. Em primeiro plano, um diabo caçador tem um homem esfolado preso de cabeça para baixo e os seus cães correm para apanhar os dois fugitivos. Um outro homem está deitado no chão, tendo um rato a roer os órgãos genitais. Na ponte que leva a torre, os diabos torturam um homem que monta uma vaca. Mais acima na composição, um ser diabólico sobe uma escada da torre em construção para levar a argamassa aos diabólicos pedreiros. Ao fundo, chamas possuem um edifício em ruínas.