Métodos para estudar o nosso património
O raio X pode ser utilizado na análise de obras de arte e, por isso, a sua imediata aquisição por parte do conservador João de Couto, em 1936. No entanto, o raio X, no início do século XX, era alvo de grandes discussões, pois, eventualmente, causava danos às obras de arte. O raio X não era aceite pelo círculo de especialistas nesta matéria, como historiadores e críticos de arte. Para entendermos este receio por parte destes indivíduos é importante salientar que o raio X ainda era uma novidade. Por exemplo, a introdução do raio X no Museu do Louvre tem apenas a diferença de uma década para a primeira radiografia tirada a uma obra de arte em Portugal.
A primeira radiografia surge no Instituto José de Figueiredo em 1936, realizada pelo físico Manuel Valadares. Surge, então, um período repleto de radiografias que permitiam ao restaurador trabalhar na obra de arte com maior segurança e exactidão e esclarecer dúvidas que podiam surgir em relação a esta. O políptico de S. Vicente foi das primeiras obras radiografadas.
A pintura é a área artística em que a radiografia tem maior emprego e permite conhecer muitas vertentes da obra de arte, como: encontrar sobreposições, dar a conhecer as técnicas usadas pelos pintores e o seu estilo próprio, declarar o estado de conservação das obras, detectar outras pinturas, ver os arrependimentos e repintes, observar variações da espessura de uma camada de tinta, que permite determinar diferentes momentos da execução, entre outras.
Só a radiografia permite dar a conhecer outras pinturas para além da imagem visível. A descoberta de obras escondidas é uma das características mais interessantes dada pela radiografia, pois estas obras carregam consigo vários mistérios: o autor, a época, os materiais, a técnica, o estilo, as características, entre outros.
O conhecimento da obra permite conservá-la.