A Importância Dos Beneditinos Clunisinos Na Definição Da Nova Cultura Artística
Diariamente, o dia do monge clunisino dividia-se em três actividades: a liturgia, a literatura e a meditação e o trabalho manual. O dia destinava-se sobretudo ao espectáculo litúrgico, enquanto que nos outros mosteiros privilegiava-se o trabalho manual (S. Bento definia 40 salmos recitados por dia, no fim do século XI, diziam-se 215 em Cluny). Nos mosteiros beneditinos havia um equilíbrio: 4 horas para a leitura de textos sacros e dos autores eclesiásticos, 3 horas e meia para a liturgia e 6 horas para o trabalho.
O modelo de filiação de outras casas religiosas surge 1010, um século depois da fundação do mosteiro, em 909. Devido ao seu interesse na Península Ibérica, estabeleceu centros religiosos nos principais cainhos da peregrinação para Santiago de Compostela.
Cluny fomentou ainda laços políticos com os monarcas ibéricos e monarcas francos. Em Finais do século XI, Afonso VI de Castela e Leão instituiu uma substancial renda anual que enviava para Cluny. Esta renda permitiu a edificação de Cluny III, o maior templo religioso antes de S. Pedro de Roma.
O rápido crescimento da ordem de Cluny é visível na evolução da sua igreja de planta basilical. Fi construída em 910, ampliada 75 anos depois, em 1088, deu lugar à maior igreja românica até então. Cluny III não chegou até aos nossos dias, sendo destruída durante a Revolução Francesa (1789). A igreja possuía 5 naves, 2 transepto e uma capela-mor com várias capelas radiantes.
Cluny destacava-se pelo luxo que ostentava, aliás, muito contestado pelos cistercienses. Contudo, este seu esplendor foi também a causa do seu declínio, pois ao longo do século XII esteve sempre em défice, ao contrário dos mosteiros que tentou controlar, como Conques e Toulouse.