Antiguidades: o tempo de antena do passado no presente...
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Ainda assim, iam-se amontoando em locais “seguros” e distantes da vista e do alcance da mãe, sobretudo em alturas de arrumações, e dos irmãos mais novos, verdadeiros arautos da destruição e profetas da demolição de sonhos.
Muita gente dá continuidade, pela vida fora, a estes ajuntamentos, como costume ou hobby, não do mesmo tipo de coisas, supostamente, desejavelmente pelo menos, mas de objectos que lhes transmitam, de uma forma ou de outra, e por razões distintas, uma mensagem de paz, amor, harmonia e sabedoria. De facto, as antiguidades possuem o condão de não deixar morrer o passado e de veicular e relembrar recados, expressões, momentos e pessoas especiais, eventualmente falecidas ou geograficamente distantes, mas, em todo o caso, muito importantes. Ajudam ainda a incrementar a gratidão pelos que estão perto e se vão, deste modo, fazendo mais presentes.
As antiguidades funcionam para nós como um baú de recordações, de onde se desfiam memórias que convocam emoções eternas. Mesmo que os seus autores desapareçam das nossas vidas, o seu traço jamais será dissociado daquele corpo inerte, que, de repente, parece ganhar vida e espelhar um olhar, fazer ecoar uma voz tão familiar, emitir um afago no rosto…
Perante uma tal implicação dos afectos, o que interessam as pratas, a arte sacra, as porcelanas, os móveis de estilo e tantas bugigangas que não nos dizem absolutamente nada?
O culto pelas antiguidades é visto por alguns numa perspectiva de arquivamento do seu valor patrimonial, para além do indiscutível prisma decorativo.
Paralelamente, a própria noção de antiguidade vai sofrendo a erosão dos tempos, e varia de acordo com os prefixos intrínsecos de cada geração. Todavia, por mais metamorfoses que sofra, a velhice, seja do que for, traz sempre agregada uma história, lembra um lugar, marca uma época, comporta um ensinamento. Afinal, trata-se de viver o suficiente para ter a casa cheia de antiguidades e para não poder passar sem elas!
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Comentários ( 1 ) recentes
bilu
14-03-2010 às 13:09:21tinha que ter sobre o tempo na antiguidade eu to tentando fazer umas pesquisa mas não acho nada bah vcs tinham que ter um pouco mais de consideração né!
¬ Responder
Comentários - Antiguidades: o tempo de antena do passado no presente...
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