O Estimado cão Faísca.
Mas como em todas as histórias de amor, existem coisas menos boas para recordar. Foi num dia muito triste e cinzento que tivemos de nos separar. Era inverno, estava frio, e os meus pais decidiram que o Faísca, o meu querido amigo e companheiro de tantos anos, tinha de ir viver para longe, mais propriamente para Vila Nova de Fóz Côa. Assim foi com muita tristeza que o vi partir. Naquele momento senti uma angústia tão forte no meu peito, que me fartei de chorar. O meu melhor amigo de infância ia embora e provavelmente para sempre. E assim foi. Nunca mais voltou a Lisboa. Só o voltei a ver alguns meses depois, bastante velhinho e cansado e deprimido. As saudades de casa tiraram-lhe a alegria. E quando olhou para mim soltou duas lágrimas gordas que escorreram pelas suas faces felpudas. Abracei-o com muita força para prolongar aquele momento. Era a última despedida. Dias depois faleceu.
Esta história é verídica e quero usa-la como homenagem a ser vivo que foi muito mais do que um simples animal de estimação. Foi o meu melhor amigo que vai permanecer para sempre na minha memória e no meu coração.
Jovita Capitão